sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

DEPENDÊNCIA EMOCIONAL PODE PROVOCAR VIOLÊNCIA DE GÊNERO


A violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de mulheres, crianças, adolescentes, idosas e idosos, em grande número de vezes de forma dissimulada, silenciosa e tem proporções epidêmicas no mundo todo.
    A vítima de violência doméstica, comumente, tem autoestima baixíssima e se encontra atrelada na relação com quem agride, seja por dependência emocional ou material. O agressor geralmente acusa a vítima de ser responsável pela agressão, a qual acaba interiorizando grande culpa e vergonha. A vítima também se sente violada e traída, já que o agressor arrepende-se, após a agressão cometida, que nunca mais vai repetir este tipo de comportamento, vindo a reincidir reiteradas vezes. A dependência emocional, mais que a econômica, é que faz a mulher suportar agressões, além dos princípios morais e religiosos.
   A violência psicológica ou agressão emocional, às vezes, são tão ou mais prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes eternas. A agressão psicológica na violência doméstica e familiar é fazer com que a agredida se sinta inferior, dependente, culpada ou omissa, é um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terrível. A atitude cruel com esse objetivo é quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certo, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência. O agressor com esse perfil tem prazer quando a outra pessoa se sente inferiorizada, diminuída, incompetente e impotente.
   A violência verbal normalmente se dá simultaneamente à violência psicológica. Alguns agressores agridem verbalmente outros membros da família (filhas e filhos), incluindo momentos quando estes estão na presença de outras pessoas estranhas, no intuito de atingir sua companheira. O agressor verbal, ao perceber que um comentário é esperado para o momento, se cala, emudece e, incontestavelmente, esse silêncio machuca mais do que se tivesse pronunciado uma só palavra.
   Uma das formas de tratar a violência contra a mulher é iniciando o tratamento por ela, elevando sua autoestima, empoderando-a, fortalecendo sua autonomia pessoal para que tenha mais confiança em si mesma para romper as “correntes”, e assim definitivamente sair da dependência emocional que a aprisiona, tirando-lhe a dignidade.

    Ana Emilia Iponema Brasil Sotero é professora, advogada, doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais, palestrante sobre violência de gênero, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso e passa a escrever exclusivamente para este blog toda sexta-feira (e-mail: soteroanaemilia@gmail.com e facebook: http://facebook.com/AnaEmiliaBrasil)

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